O Coleccionador de Ossos, real. Phillip Noyce. EUA, 1999. 35mm, cor, 118 min.
Thriller urbano sobre um serial killer que deixa intrigantes e complexas pistas para os seus sucessivos crimes. Denzel Washington interpreta Lincoln Rhyme, um conhecido criminologista que ficou paralisado depois de um acidente. Angelina Jolie interpreta Amelia Donaghy, uma detective novata atormentada pelo suicídio do seu pai. Para ela, o confronto com um corpo morto é assustador, por ter encontrado o cadáver do pai. Amelia faz o trabalho de campo que Lincoln não pode fazer por não poder andar. O filme não rivaliza com os seus modelos, como Seven - Sete Pecados Mortais (Se7en, 1998) ou O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991), mas há um conjunto de contribuições espantosas: da sofisticada direcção de fotografia de Sean Semler à música orquestral e ambiental de Craig Armstrong. O argumento tem um sentido dramático pouco apurado, de qualquer modo o filme constrói um ambiente tenso através de uma montagem e de uma planificação que sublinham a subjectividade do olhar. O apartamento de Lincoln é uma célula inserida no labirinto imenso da cidade de Nova Iorque — neste aspecto, há outro filme-modelo, Cópia Mortal (Copycat, 1995), onde acontecia algo de semelhante à personagem de Sigourney Weaver. No limite, O Coleccionador de Ossos é sobre a plasticidade estrutural das fronteiras na urbe: numa metrópole ninguém se toca, pouca gente se conhece, mas há um movimento que une todas as coisas, conferindo espessura ao espaço, como no zoom impressionante que liga a morte de um polícia na rua ao apartamento do criminologista, atravessando ruas e edifícios. [30.03.2010, orig. 07.1999]
