The Glass House (2001)


Casa de Vidro, real. Daniel Sackheim. EUA, 2001. 35mm, cor, 106 min.

Depois da morte dos pais, uma adolescente e um miúdo são acolhidos por uma família amiga. A casa onde vivem é um espaço de transparências, onde é vulgar o olhar encontrar o inesperado e esses indícios fazem com que a rapariga comece a suspeitar dos seus tutores. A pouca originalidade do enredo é compensada por alguns pormenores técnicos e pela excelência dos actores. O design de produção e a fotografia desenham um ambiente abstracto, em permanente tensão, que a montagem desenvolve pouco. Stellan Skarsgård e Diane Lane, os actores que representam o pai e a mãe adoptivos, pediam uma escrita que estivesse mais atenta às nuances psicológicas. Lane é particularmente impressionante na personagem de uma médica viciada. Para além dos mecanismos de suspense já conhecidos e eficazes, este podia ter sido um complexo estudo sobre a psicologia da perda (nas crianças) e a da perdição (nos adultos). A família que foi desfeita é refeita no final com o irmão da mãe que perderam, mas esse tema do campo familiar simbólico fica por explorar ao longo do filme e no final é difícil recordar o casal Glass. O que fica é o rosto tenso dele e a face trágica, funesta, de cada gesto e de cada palavra dela. Os seus motivos, as suas acções, e os seus problemas financeiros são pouco claros, e a manifestação deste mal precisava, não exactamente de uma explicação, mas de outra raiz. [17.06.2011, orig. 02.2002]