Urban Legend (1998)


Mitos Urbanos, real. Jamie Blanks. EUA, 1998. 35mm, cor, 99 min.

Uma escola assombrada por um massacre vive, outra vez, um pesadelo. Na altura em que são celebrados 25 anos sobre a matança, alguém começa a matar adolescentes encenando diversas histórias de horror consideradas mitos urbanos. Como o professor interpretado por Robert Englund explica, esses contos funcionam como representações colectivas de receios, imagens revertidas em factos por uma crença gerada pelo medo. Se o mito transforma um sentido em forma, como Roland Barthes diz, então o género no qual o filme se inscreve — o filme de terror adolescente — constitui ele mesmo uma mitologia. Mas uma mitologia sem nada de fabuloso, apenas com uma origem popular e um aspecto formal reconhecível. Estes mitos nascem da transformação das situações convencionais destes filmes nos denominados mitos urbanos a que o título se refere. Mitos Urbanos apresenta-se aparentemente como um exercício próximo de Gritos (Scream, 1996), o filme que recentemente revitalizou o género. As semelhanças são poucas. Em Mitos Urbanos, a reciclagem não corresponde ao distanciamento irónico, mas à acumulação. A ideia do filme não é nem uma matriz conceptual nem um ponto de partida estrutural, apenas um pretexto. Além disso, a tensão está ausente logo desde a primeira cena, com uma encenação sem rigor ou imaginação — compare-se, a título de exemplo, essa cena com a abertura de Gritos. Contrariando o árduo trabalho sem fim da criação mitológica, aqui tudo é repetido sem investimento. É duvidoso que filmes assim, com esta aparência formal e este conteúdo simbólico, ainda nos liguem à ambiguidade do mundo — e às suas mitologias. [05.07.2012, orig. 05.1999]