As Good As It Gets (1997)


Melhor é Impossível, real. James L. Brooks. EUA, 1997. 35mm, cor, 139 min.

A questão é esta: será possível reeditar a comédia romântica, ou outro género clássico, tanto tempo depois do seu auge e dos seus mestres? Talvez. As Pontes de Madison County (The Bridges of Madison County, 1995) é um exemplo. Mas nesse caso existia a consciência do presente e a ideia de que fazer um melodrama agora pressupõe uma perspectiva e uma interrogação sobre a sua possibilidade. As Good As It Gets, pelo contrário, parece rejeitar qualquer relação com a história do cinema. Está feito aparentemente com a convicção de que a memória é uma ausência. O esquematismo do filme, que não é condenável em si, pode ser ligado à televisão já que James L. Brooks trabalha nesse meio e a sua obra é marcada pelos seus modelos narrativos. Talvez fosse preciso uma série de episódios, como numa sitcom, para desenvolver a fundo estas personagens e as suas relações — Frank (Cuba Gooding Jr.) torna-se insignificante, Simon (Greg Kinnear) é reduzido à função narrativa de barómetro, Melvin (Jack Nicholson) perde subtileza. Helen Hunt merece uma menção especial pela sua penetrante composição da empregada de mesa Carol. A ela se deve os grandes momentos de cinema deste filme. [06.08.2012, orig. 10.1998]